Estamos em guerra


Na fila do pão, do ônibus, no trabalho, no trânsito ou na praia. Na igreja, em Brasília, na Síria ou ali na esquina mesmo. O fato é que estamos em guerra, armados até os dentes de ódio e intolerância. É toma lá, dá cá. É salve-se quem puder. É farinha pouca, meu pirão primeiro.

É tanto espertinho, tanto malandrão, que somos hoje a maior geração de ignorantes da história da humanidade. Estudamos, somos formados, penduramos na parede o diploma da pós, mas ainda fechamos fronteiras e "passamos a perna" na desgraça alheia. Viajamos para a lua, descobrimos novos planetas, demos a volta ao mundo, mas ainda estacionamos na vaga de deficiente, porque "é rapidinho", "só vou ali e já volto". Legalizamos o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas isso não é família não, viu?! As mulheres queimaram sutiãs, ganharam direito ao voto, vestiram calças e foram trabalhar. Mas ainda achamos que, na melhor das hipóteses, o lugar delas é fazendo propaganda do Bombril e Limpol.

Somos a geração do ódio e temos pedra pra atirar, pra dar e pra vender. Odiamos a sarada fit do Instagram, porque é fácil odiar virtualmente; A modelo plus size, porque gordinha tem mais é que fazer dieta; A blogueira de moda, porque é fútil e veste Prada; O nerd estudioso, porque deve ser depressivo, virgem ou viado, esse rapaz; O metaleiro gótico, porque isso é coisa do capeta; O de esquerda, porque não é de direita; O de direita, porque é conservador demais; O do meio, porque fica em cima do muro. Odiamos quem tem dinheiro, porque não dividem com os pobres e odiamos os pobres porque nos custam caro demais. Odiamos só porque "não fomos com a cara" de fulano, porque é segunda-feira, porque o ônibus está cheio ou porque essa vida é uma merda mesmo!

É difícil até mesmo escrever sobre isso sem odiar alguma coisa. Sem querer colocar no cantinho do pensamento uns e outros, sem meter a colher onde ninguém me chamou. É difícil acreditar na evolução humana quando temos de defender o óbvio, definir amor, redefinir família, desenhar pateticamente os limites de João para com Maria, de Joana para com Luísa, de Pedro para com o mundo.

Tenho muita vergonha do que as próximas gerações vão ler nos livros de história. Retrocedemos 50 anos em 5. Criamos a nova idade média e salve-se quem puder! Vivemos em guerra, matamos o amor e nos fuzilamos com ódio.

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