Sobre árvores e pragas

Antes de tudo, vou te emprestar a minha música. Vou falar sobre o amor, vou te dizer o que eu acho e como eu vejo esse sentimento. O que eu enxergo e o que eu finjo não ver.
Primeiro, quero dizer que eu erro quando tento me enganar. Meu vizinho erra quando não recicla o lixo. A presidente erra quando fecha os olhos pra tanta cagada. O cantor erra a letra da música mais esperada do show. O cara do caixa erra no troco, o da cozinha erra no sal, e assim a gente aprende, que não tem ninguém nessa vida que nunca tenha errado.
Mas, infelizmente, amor não é reciclagem, nem política e muito menos um show. A gente tem que errar o mínimo possível. Se você quer que a árvore cresça e dê bons frutos, ninguém pode pecar no cultivo dela. Ninguém mesmo!
Acho, inclusive, que essa é a árvore mais delicada de todas. Todos os dias, com muita paciência, temos de cortar os galhos secos, conversar com a bichinha e dar bastante água fresca.
No trajeto que se faz até a árvore, encontramos algumas armadilhas. Pessoas ruins, querendo cortar tudo pela raiz. Pedras que te fazem tropeçar e te atrasam; Passarinhos que trazem sementes ruins e te roubam as boas...Mas você tem que estar certo de que o amor, é também a árvore que mais vive. Perto dela, a figueira vira bonsai.
Embora não seja bom, errar em algum momento, não faz de você um péssimo agricultor. Faz de você uma pessoa como qualquer outra. Mas, como sempre, pagamos um preço muito alto por não acertar o tempo todo. E nesse jogo, você voltou três casas e vai ficar uma rodada sem jogar.
Essa não é a minha história, não é a minha árvore, nem estou mexendo os pinos desse jogo. Julgar não é a minha função, e eu nem me acho no direito disso. Só estou aqui, guardando na minha gaveta, uma história que eu sempre admirei, com personagens que eu sempre respeitei.
E agora que vocês viveram tudo o que tinham pra viver juntos, é hora de plantar de novo. E aprender, que a árvore demora a ficar forte, precisa de confiança, persistência, companheirismo e paciência, mas também não morre do dia pra noite. Quando você deixa que pragas façam a festa, você não fere só a árvore, você fere também, e muito mais, a você.
No seu próximo cultivo, selecione verdadeiros grãos e não deixe que nada estrague sua colheita. O tempo não volta e a mesma árvore não cresce duas vezes. Aprenda com seus erros. Sempre! E não volte a repeti-los. Nunca!



P.s.: Estarei aqui, até que a primavera venha e depois que ela se for. Estarei aqui para o que precisarem: adubo, pá e terra nova. Estarei para os dois.