Metades inteiras



Dizem que todo mundo tem sua metade perambulando por aí. Ainda não decidi se acredito nisso ou não, mas pensando friamente, acho triste me enxergar como meia maçã vagando pelo mundo. Eu prefiro ser uma maçã vermelha, inteira, que um dia pode ou não achar uma maçã verde para envelhecer junto comigo. Não é meio mórbido imaginar que para ser completa eu preciso procurar desesperadamente por uma parte que alguém decidiu cortar de mim? E aliás, quem poderia ter feito isso? Que crueldade!

Essa história mal contada de panelas, tampas, laranjas e suas metades não cola comigo. Acho esse um esteriótipo tão ultrapassado e tão pequeno perto do que de fato é encontrar alguém que lhe some. "Somar" eu acho ser a palavra certa mesmo. Eu não sou a divisão de um corpo que só vai ser completo depois que encontrar um outro corpo pra viver. Não vou grudar em ninguém, nem quero que cubram minha panela com uma tampa. Posso ser uma frigideira que se apaixona por um bule? Me permita ser um morango que morre de amores por uma melancia?

Me perdoem ser tão prática à
s vésperas do dia dos namorados, mas realmente eu vejo o amor dessa forma. É muito bonito ser dois em um. Um em dois. Como quiser! É bonito permitir que alguém entre na sua vida pra somar, pra multiplicar o que tem de melhor e pra arrumar a bagunça que outras pessoas fizeram antes dela chegar. É da natureza humana querer companhia e alguém para dividir a solidão. Mas - e lá vem a maluca da praticidade de novo - ainda acho que metade de mim sou eu e a outra metade também.

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