Sobre dúvidas, amor e risotto

Nesse final de semana eu saí com duas amigas. As duas vivendo fases bem diferentes da vida. Uma, apaixonada e aparentemente correspondida; A outra, apaixonada e aparentemente na merda. Eu não sei se sou muito boa com conselhos, noite do pijama, chororô e brigadeiro. Sou adepta do bom e velho "se arruma que eu tô passando aí". E foi o que fizemos. As três!
Estávamos eu e uma delas sentadas em uma banqueta na área de fumantes - que era o único lugar sem música alta - conversando sobre algumas coisas as quais não lembro exatamente. Cerveja em dobro, sabe como é! Mas, tem uma frase dela que porre nenhum me faria esquecer: "eu não sei se perde mais quem não saber amar ou quem não sabe receber amor".
Eu precisava fazer meu papel de amiga e a tirar daquela merda. Eu precisava dizer alguma coisa bonita, uma frase de efeito. Precisava saber responder àquela pergunta mas, sinceramente, quase chamei alguém pra me tirar a mesma dúvida.

Entendo quem não saiba amar e confesso que amei pouco - muito pouco - nessa vida (pai e mãe não entram nesse cálculo). Quando digo pouco, não me refiro a qualidade de sentimento oferecido e sim, quantidade de amor distribuído. Foram poucos os homens a quem amei de verdade. Se não me falha a memória, fecho essa conta com um total gigantesco, imensurável e absurdo de dois dígitos: zero e dois (nessa ordem). Foi pouco! Mas foi o suficiente pra me fazer gostar de receber amor.

Metaforicamente falando, é como quem não sabe cozinhar mas gosta de comer. Eu, por exemplo, não sei fazer risotto, mas em sã consciência nunca vou recusar que cozinhem para mim. E um dia, observando quem insistentemente me alimenta, talvez eu aprenda a fazer também. E é assim com o amor!
Não entra na minha cabeça que alguém prefira comer miojo sozinho a macarronada acompanhado. E pensando assim, acho até melhor comer miojo acompanhada do que macarronada sozinha. E olha que eu nem sou um exemplo de romantismo. É só uma questão de inteligência mesmo.

Depois de cinco dias e dessa vez sem cerveja em dobro, vim responder à minha amiga. Vim porque além de ela merecer, acho que de alguma forma eu também precisava aprender isso. E eu vou responder à pergunta dela com outra: se ele não sabe fazer risotto, mas também não quis ficar para aprender, quem é que vai morrer de fome? Você, que tem todos os ingredientes e a receita, ou ele que não sabe nem ferver a água?
Acho que você não tem com o que se preocupar. No fim das contas quem perde é sempre quem vai dormir mais vazio do que quando acordou. E nesse caso, não é você.