Haters gonna hate

Parei de escrever. Pendurei as chuteiras, pedi penico e essas coisas todas que falam por aí.
A verdade é que todo mundo anda muito chato e é tão, mas tão difícil se fazer entender hoje em dia. Se falamos de amor, somos românticos demais. Paspalhos. Se não falamos, somos amargurados, sem coração, mal amados. Se falamos em Deus, estamos pregando. Se não falamos, somos ateus e vamos queimar no fogo do inferno. Se protestamos contra coisas que a humanidade já deveria ter entendido há tempos, somos reaças, inconformados, revolucionários tratados à Nescau. Se gostamos da forma como as coisas estão e não queremos mudar nada, somos coxinhas, conservadores de merda, cagões criados à Toddynho.
O mundo está bem confuso. Odiamos por odiar. Mas o que nós odiamos? Tanto faz. ODEIO!

Esses dias parei no sinal, “dançandinho” – eu inventei essa expressão, felizinha, servindo açúcar ao Maroon 5 que estava desesperado com hipoglicemia na rádio, quando se aproxima de mim um homem negro, visivelmente pobre e fala alguma coisa que eu não entendi. Bom, se eu não entendi, vou só sorrir e acenar (adotei essa política para cochilar de olho aberto enquanto alguém fala algo que não me interessa: Sorrio e aceno. Dormindo.). Mas, para aquele cara, parece que não foi o suficiente.
- Moça, dar bom dia não dói.

Mas moço, eu só não ouvi. Desculpa se Adam Levine grita nos meus ouvidos e se eu fantasiava ele invadindo meu casamento e se eu estava planejando morrer no colo do meu namorado se isso acontecesse.
Eu deveria ter falado isso, mas não falei nada. O sinal abriu e eu segui meu rumo, meio em modo zumbi, meio assustada, meio sei lá, me sentindo uma merda humana que nega “bom dia”. Eu não fui grosseira com ele, apenas não ouvi. E sorri com todos os meus dentes, sinceramente. Se eu pudesse voltar lá, teria falado: - Amigo, vem cá, vamos resolver essa treta antes que me dê rugas. Eu não senti medo de você quando se aproximou da minha janela, não senti pena da sua condição de vida, não ligo pra sua cor e nem pro seu cabelo. Não me importa se você iria pedir dinheiro ou vender alguma coisa. De qualquer forma, eu não daria nada. Tenho tanto dinheiro no bolso quanto você. A parada é a seguinte: eu não ouvi o que você disse e ainda estou na primeira fase do meu cursinho básico de leitura labial. De qualquer forma, tenha um bom dia.

É isso. Estou cansada de mim, que odeio pessoas que odeiam tudo e estou cansada de todos que odeiam qualquer coisa e por isso odeiam até aquilo que amam. Atacamos e somos atacados a troco de nada o tempo inteirinho. Não sabemos de onde vem a bala, mas toma aqui mais bala pra você também, seu idiota. Mas quem é “você”? Tanto faz. ODEIO! METE BALA NELE!    

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