Tamanho 36. Quadril 40.

Talvez gostar de algo não seja o suficiente. Talvez gostar esteja para o mundo como a calça 36 está para o quadril 40. Ela quer muito ser comprada e ter uma vida feliz e útil no seu armário. Você quer muito que ela te sirva e seja companheira de todos seus looks. A questão é que não dá, não cabe, não entra. E o amor segue a mesma onda. Amar também não salva nada do fracasso. E aí, nesse caso, o amor está para a vida como o adubo está para a planta que já morreu. Nada, nem a chuva mais hidratante ou todos os nutrientes do mundo, nada salva o que já não vive mais.

Quando escrevia sobre sentimento há oito anos, vivia uma avalanche de novidades que não faziam o menor sentido, mas eram tão coloridas e novinhas e sonhadoras - e... - que me enchiam de propriedade pra falar a respeito. Amei muito. Amei pessoas maravilhosas. Amei só pessoas maravilhosas, aliás. Mas isso nunca foi o suficiente pra que eu fosse mãe dos filhos de nenhuma dessas pessoas. Nenhuma vez, em nenhum dia da minha vida eu coloquei meu sentimento na mesa, contamos as migalhas, pesamos em uma balança e isso fez com que a pessoa ficasse mais um mês na minha história. É que muitas vezes eu fui a calça 36 e o outro era - sem motivo para culpa - o quadril 40. Nos amávamos com tanta força, com tanta alma e com tamanho respeito que, aceitamos os 4 números que nos separavam e isso nos unia - em caminhos separados.

O amor te possibilita viver muito melhor, mas não te faz viver pot muito mais tempo.

E hoje, depois da avalanche virar marola, depois das cores ganharem definição e os sonhos vivarem planos concretizados, vivo um amor diferente de tudo que já vivi até aqui. Somos calça e quadril 36. Somos planta absorvendo adubo. Somos a oportunidade que às vezes o amor encontra de se tornar permanente. E isso é a tranquilidade de amar na hora certa, a pessoa certa. Os outros foram, todos - além de maravilhosos -, estímulos para emagrecer e caber no jeans perfeito.


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